Lógica Proposicional - Construção de Tabela-Verdade de uma Fórmula com Árvore de Decomposição

Lógica Proposicional - Construção de Tabela-Verdade de uma Fórmula com Árvore de Decomposição
Lógica Proposicional - Construção de Tabela-Verdade de uma Fórmula com Árvore de Decomposição
No artigo anterior aprendemos a criar uma árvore de composição e decomposição de uma fórmula e com isso possuímos condições de construir a tabela-verdade de qualquer fórmula dada.

Índice
  1. Construção da tabela-verdade com uma árvore
  2. O que você aprendeu

Vimos que, dada uma expressão proposicional, e dados os valores lógicos das proposições simples que a compõe, podemos, com a ordem de precedência, calcular o valor lógico da expressão dada. No entanto, estaremos interessados, muitas vezes, no conjunto de valores lógicos que a expressão pode assumir, para quaisquer valores lógicos das proposições componentes.

Caso o leitor não tenha se adaptado a tabela-verdade de cada conectivo, veja o artigo Lógica Proposicional - Conectivo e Tabela-Verdade.

Serão apresentados duas técnicas para a construção da tabela-verdade de uma fórmula, onde as mesmas serão revisadas nos artigos de tautologias, contradição, contingência, negação e equivalência.

Construção da tabela-verdade com uma árvore

Construção da tabela-verdade:

Passos
Instruções
01
Construa a árvore de decomposição da fórmula.
02
Veja quais e quantas são as fórmulas atômicas.
03
Escreva em ordem alfabética as atômicas e trace colunas para cada uma delas.
04
Trace 2n2n linhas, sendo nn o número de atômica.
05
Agora, olhe para a árvore de decomposição. Se houver apenas um ramo, olhe-as de baixo para cima, e escreva cada uma das subfórmulas da esquerda para a direita (sentido usual de escrita), cada uma em uma coluna separada.
06
Se a árvore apresentar dois ramos, considere primeiro o ramo da esquerda e escreva cada uma das subfórmulas começando pelas atômicas, de baixo para cima, transportando-as na primeira linha e escrevendo-as da esquerda para a direita (sentido usual de escrita), cada uma em uma coluna separada. Passe à coluna da direita e faça o mesmo, até esgotar todas as subfórmulas e chegar na última fórmula.

Preenchimento da tabela-verdade:

Passos
Instruções
01
Olhemos inicialmente todas as colunas das atômicas.
02
Na primeira coluna, preenchemos a primeira metade com V e a outra metade com F.
03
Na segunda coluna, para cada metade de V da primeira coluna, preenchemos a primeira metade com V e a outra metade com F. Na outra metade F, ainda da primeira coluna, preenchemos a primeira metade com V e a outra metade com F.
04
Nas demais colunas, repete-se o processo anterior, para cada bloco de V e de F, até chegar à última coluna que deve apresentar-se assim: V, F, V, F, etc.

Preenchimento das demais colunas:

Passos
Instruções
01
A tabela já está pronta para que a primeira coluna após as atômicas seja preenchida, olhando-se a tabela-verdade da fórmula da coluna.
02
Repete-se o processo acima, pois a tabela já dá a sequência de preenchimento.
03
Como na última coluna deve figurar a fórmula complexa, a tabela-verdade da fórmula está feita.

Vejamos dois exemplos para que o leitor se familiarize com este conceito.

Dada a fórmula [A[A (B(B C)]C)]. Construa a tabela-verdade.

Seguindo os passos de construção, devemos, inicialmente, construir a árvore de decomposição da fórmula em questão. Logo, teremos:
Lógica Proposicional - Construção de Tabela-Verdade de uma Fórmula com Árvore de Decomposição
Decomposição de uma fórmula do tipo implicação
Após a construção da árvore, devemos observar quais e quantas fórmulas atômicas a fórmula complexa possui. No nosso caso, as fórmulas atômicas são: AA, BB e CC.

Com a identificação e a organização, em ordem alfabética, das fórmulas atômicas, podemos traçar as colunas para cada uma delas. Logo, teremos:

AA
BB
CC

Segundo o quarto passo, devemos traçar oito linhas, porque possuímos três fórmulas atômicas e a quantidade de linhas de uma tabela é definida pela fórmula 2n2n, onde nn é a quantidade de fórmulas atômicas. Logo, teremos:

AA
BB
CC
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-

Os passos quinto e sexto nos instrui a olhar os ramos da árvore e verificar se a mesma é possuidora de um ou dois ramos. Na fórmula em questão ela é possuidora de dois, então seguiremos o sexto passo.

Observemos inicialmente o ramo da esquerda e percebemos que ele é constituído de uma fórmula atômica, então não faremos nada. Ele possui apenas uma fórmula atômica, mas o ramo do lado direito é possuidor de uma subfórmula e que a mesma é possuidora de duas atômicas. Escreveremos a subfórmula do ramo direito em uma coluna na tabela. Logo, teremos:

AA
BB
CC
(B(B C)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-

Como a subfórmula (B C) é constituída de apenas fórmulas atômicas, devemos agora escrever a fórmula complexa, [A (B C)]. Logo, teremos:

A
B
C
(B C)
[A (B C)]
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-

Devemos preencher a metade da coluna da primeira atômica de V e a outra de F. Observe:

A
B
C
(B C)
[A (B C)]
V
-
-
-
-
V
-
-
-
-
V
-
-
-
-
V
-
-
-
-
F
-
-
-
-
F
-
-
-
-
F
-
-
-
-
F
-
-
-
-

Como a primeira coluna possui oito linhas, com exceção do cabeçalho, as quatro primeiras são V e as demais são F.

O terceiro passo de preenchimento nos diz que na segunda coluna, para cada metade de V da primeira coluna, preenchemos a primeira metade com V e a outra metade com F. Vejamos:

A
B
C
(B C)
[A (B C)]
V
V
-
-
-
V
V
-
-
-
V
F
-
-
-
V
F
-
-
-
F
V
-
-
-
F
V
-
-
-
F
F
-
-
-
F
F
-
-
-

Observe que a segunda coluna "pega" a metade composta por V da primeira coluna e preenche a metade da metade com V e a outra metade com F. O procedimento é repetido para a metade composta por F.

Segundo o quarto passo, devemos repetir o processo do terceiro, mas com base no antecessor (segunda coluna). Logo, teremos:

A
B
C
(B C)
[A (B C)]
V
V
V
-
-
V
V
F
-
-
V
F
V
-
-
V
F
F
-
-
F
V
V
-
-
F
V
F
-
-
F
F
V
-
-
F
F
F
-
-

Observe que a terceira coluna "pega" a metade composta por V da segunda coluna e preenche a metade da mesma com V e a outra metade com F. O procedimento é repetido para as demais metades.

Após a construção da tabela e o preenchimento inicial, podemos preencher as demais colunas que designam as fórmulas.

Seguindo o primeiro passo de preenchimento das demais colunas, devemos olhar a tabela-verdade de cada conectivo e preencher as lacunas restantes com base no valor verdade das atômicas. Caso o leitor não se lembre da tabela-verdade de cada conectivo, clique aqui. Logo, teremos:

A
B
C
(B C)
[A (B C)]
V
V
V
V
-
V
V
F
V
-
V
F
V
V
-
V
F
F
F
-
F
V
V
V
-
F
V
F
V
-
F
F
V
V
-
F
F
F
F
-

Observação importante: as cores servem, apenas, para que o leitor possa se familiarizar com a aplicação. Em uma tabela-verdade não se utiliza cores distintas.

A subfórmula trabalhada é (B C) e é constituída das atômicas B e C, então devemos trabalhar linha por linha, obedecendo o valor verdade das atômicas. Por exemplo, na segunda linha, destacada em vermelho, as atômicas B e C são possuidoras do valor verdade verdadeiro, segundo a tabela-verdade da disjunção inclusiva, a sentença (B C) é falso se e somente se as proposições simples B e C forem possuidoras do valor verdade falso, e não é isso que ocorre na primeira linha, consequentemente a sentença (B C) é possuidora do valor verdade verdadeiro.

Tomemos como outro exemplo a última linha da tabela. Ela mostra que as atômicas B e C são possuidoras do valor verdade falso, então a sentença (B C), segundo a tabela-verdade da disjunção inclusiva, é possuidora, também, do valor verdade falso.

O segundo passo nos informa que devemos repetir o processo do primeiro. Logo, teremos:

A
B
C
(B C)
[A (B C)]
V
V
V
V
V
V
V
F
V
V
V
F
V
V
V
V
F
F
F
F
F
V
V
V
V
F
V
F
V
V
F
F
V
V
V
F
F
F
F
V

Tomemos como exemplo a quinta linha. Segundo a tabela-verdade da implicação, a sentença [A (B C)] toma o valor verdade falso se e somente se o antecedente, A, é verdadeiro e o consequente, (B C), é falso. Com isso, na quinta linha, a fórmula [A (B C)] é atribuída com o valor verdade falso.

E com isso, concluímos a construção da tabela-verdade da fórmula [A (B C)], porque o terceiro passo nos diz: "como na última coluna deve figurar a fórmula complexa, a tabela-verdade da fórmula está feita".

Não podemos nos esquecer que o tipo de uma fórmula é determinado pelo conectivo que dá origem ao primeiro ramo. No exemplo finalizado, a sentença é do tipo implicação.

Dada a fórmula {¬[[(¬B) (¬(¬A))] [¬(¬(B C))]]}. Construa a tabela-verdade.

Seguindo os passos de construção, devemos inicialmente construir a árvore de decomposição da fórmula em questão. Logo, teremos:
Lógica Proposicional - Construção de Tabela-Verdade de uma fórmula
Decomposição de uma fórmula do tipo negação
Para construir a tabela-verdade do segundo exemplo, seria necessário uma longa explicação escrita e para não deixar o leitor cansado, estive gravando uma explicação e construção da tabela-verdade. Veja o vídeo logo abaixo:


O que você aprendeu

Este artigo teve o objetivo de demostrar a construção de uma tabela-verdade de fórmula com o uso de uma árvore binária de decomposição, foram usados dois exemplos e uma vídeo aula para facilitar o aprendizado. Especificamente, você aprendeu:
  • Criação de uma tabela-verdade de uma fórmula dada.
  • Para que serve uma árvore de decomposição.

Continua em

Continuação de


Referência Bibliográfica
ABE, J. M; SCALZITTI, A; FILHO, J. I. S. Introdução à Lógica para a Ciência da Computação. 2. ed. São Paulo: Arte & Ciência, 2002. 247 p.


Para citar esse artigo:
BATISTA, G. A. Lógica Proposicional - Construção de Tabela-Verdade de uma Fórmula com Árvore de Decomposição. Publicado em: 27 jul. 2016. Disponível em https://autociencia.blogspot.com/2016/07/logica-proposicional-construcao-tabela-verdade.html. Acesso em: 10 abr. 2025.

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